sábado, 26 de outubro de 2013

Edu Empreendedor

Pode falar do outro filho aqui no Larices né? Claro que pode.

Aí domingo passado o "Taiá" me pede para que eu compre uns ingredientes no mercado. Disse que ia fazer um doce muito bom e que ia levar para vender na escola.

Botei fé não visse...

Fui surpreendida com um mini empresário. Analisou o custo do material, colocou lucro, assistiu vídeos para melhorar a receita e se preocupou com embalagem, armazenamento e  a apresentação do produto. Melhor ainda foi ver que ele não teve vergonha de levar doces para vender* - na minha época só meninas levavam e olhe lá -  e voltou com todas vendidas.

No outro dia comprou mais material, já com o dinheiro apurado e fez tudo de novo. E fez até a sexta-feira. Fiquei orgulhosa do meu jovem empresário. Ele não acredita, mas percorreu com isso várias etapas que são necessárias para se abrir um negócio. É um aprendizado, sem dúvida.

Só falta agora ele saber lidar com o público interno, vide irmã mais nova que quer dar desfalque na empresa comendo doces de graça e mãe que não aceita ser feita de besta: ou ele lava a louça da "empresa" , ou me recompensa em doces. Não sou escrava de capitalista safado ora bolas.

* Com Edu o buylling não tem vez, se chamam ele de viadinho por alguma coisa ele vira e solta um "tá incomodado por quê? Te comi por acaso?

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Lara ordenadora

Aconteceu da tia chegar aqui no dia das crianças com uma Polly Pocket (você não conhece? Sorte sua, mas dá pra ver aqui) e esta é ruiva e vem com um par de roupinhas para trocar. 

Todo ser humano com mais de 3 anos já sacou que só se usa uma roupa de cada vez, então se você tem mais roupinhas e tem outras bonecas como aquela, dá perfeitamente para usar as roupinhas nas outras polly sem problemas. Tipo... a brincadeira com bonecas é essa, um tira e bota de roupas, cabelo pra lá e pra cá, fucking acessórios minúsculos que se perdem e tal.  

Então a tia, um amor de gente que pensa que quem tem filha menina consegue dar vazão ao seu lado fofa e brincar com as bonequinhas da filha, foi logo pegando uma das roupas para vestir na boneca loira.

Quem disse que podia?

Lara foi logo impondo:

- Nããããoooo. Essa roupa não é dessa polly. Só pode colocar na que veio.

A tia tentou interceder: 

- Ahhh Lara mas o legal é vestir as polly, trocar as roupinhas, olha só, cabe em todas. (é, todas as polly são magras. Aceita que dói menos)

Laroca cara de pipoca azeda não estava nem aí para argumentos. A pobre tia, que queria brincar um pouco pediu minha ajuda. "Explica pra ela Lay, que é massa trocar as roupinhas".

EEEEUUUUUU???

Sai fora, tá louco. Prefiro, sei lá, tentar qualificar meu mestrado dois meses antes que convencer a Lara disso. Inútil. Esquece. Eduardo era mais ou menos assim também. Já aprendi.

Sei não, acho que a tia vai comprar pollys escondida pra poder brincar.

Olha aí a que ponto pode chegar o closet-polly da tia se ela insistir nessa.


Lara encantadora

Tem uma característica dela da qual me orgulho muito: brinca com qualquer criança ou adulto, em qualquer lugar e com qualquer tipo de brinquedo. Ela não faz exigências, não delimita com quem é certo brincar ou de que brincadeira. Ela simplesmente se adapta. Isso é ser humano, ela intuitivamente sacou que ela está no mundo e não que o mundo está para ela como muito se vê por aí.

Brinca com as meninas de casinha, bonecas e com objetos cor-de-rosa e cheio de detalhes e fescurites. Brinca com os meninos de pega-pega, carrinhos, bonecos, bola, bicicleta. Ama um parquinho, com balanço, gangorra e escorregador. Brinca com o irmão, que é onze anos mais velho, de lutinha(!), esconde-esconde e de fazer bullying com ele - ela se aproveita do fato dele não poder reclamar e senta à mão chateia ele. Fica bem sozinha, com seus brinquedos, jogos e milhares de desenhos e tentativas de escrever. Desconhecidos também não são problema: ela dá um jeito de se infiltrar e quando vejo já está brincando e rindo com aquelas crianças que ela não sabe o nome.

Mas eu achava que isso tinha limites. E estava errada. Ontem recebemos a visita de um casal cujo filho tem a mesma idade dela e está sendo diagnosticado como autista.  Segundo a mãe dele, normalmente ele não interage muito, e rejeita crianças. Como não fala quase nada e ainda carrega traços de bebê, como usar fraldas, a maior parte das crianças também reage mal à ele.

Eis que tivemos uma tarde ótima. Não falamos nada para ela sobre ele ser como é. Para ela era mais uma criança, então ela observou um pouco e logo sacou como a coisa ia rolar. Deixou ele mexer e espalhar seus brinquedos, ia perto quando ele deixava, quando ele se fechava ela ia pro jardim fazer outras coisas. Catou o biscoito dele pra comer e toda hora ia até ele oferecer - e ele aceitou! O menino ficou numa boa, relaxou, baixou a guarda e teve uma tarde tranquila. 

Eu não havia me tocado do porque de tudo ter sido "suave na nave" até que a mãe dele falou que de nada adiantaria o gramado, colchão, e o tempo bom se a Lara não tivesse sido como foi com ele. 

Fiquei envaidecida, mas nem é mérito meu. Não se ensina alguém a ser assim. A gente ensina a ser educado, a dividir e não dar escândalo. Mas como posso ter ensinado a ser boa? A ter a flexibilidade de adaptar-se às necessidades dos outros, saber que com um ela pode comandar a brincadeira aos gritos e com outro ela tem que ir pianinho, comendo pelas beiradas?

Os profissionais chamam de inteligência emocional. Eu chamo de Laroca - cara - de - pipoca.

domingo, 20 de outubro de 2013

Lara gulosa

Confesso que minha filha tem um descompasso. Quando ela começa a comer parece que entra no automático: vai comendo, passa de uma coisa pra outra, belisca o de quem estiver ao lado e não sabe a hora de parar.

Como ela é muito ativa isso não influencia em nada no peso. Até porque apesar de gostar de doces, gosta muito de frutas, sopa, prova quase de tudo e não bebe refrigerantes. É minha desforra por ter aturado as chatices para comer que Eduardo tinha quando pequeno (nem eram tantas tadinho).

Mas o caso é que às vezes, depois de fazer uma farra gastronômica, misturar várias coisas e já estar com a barriga cheia, ela ainda não se liga que já chega e vem ao meu lado:

- Mããããeeeee eu quero...

- Quer o quê garota? Não aguento mais te dar comida, vai brincar vai.

- Mas eu queria alguma coisa.... não sei o que é...

- Tem cocô, vai querer?

- Vou brincar mãe, tchau.

Só assim mesmo com a Laroca.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Lara despertadora

Todo dia ela faz tudo sempre igual.

Calma que pelo menos não é às 06 da manhã como na música. A hora varia. Igual é o jeito que ela faz.
Sabe quando alguém encosta o nariz no seu rosto enquanto você está dormindo? De um jeito que dá pra sentir a respiração? Pois é, ela faz assim.

Aí, quem está dormindo começa a despertar ao sentir aquela "presença". Ela fica assim, olhando, até que eu abra o olho. E quando eu abro, ela fala bem alto e sorridente:

- MÃE! JÁ É DE DIA!

PS: Pergunta se de noite adianta argumentar que ela TEM que dormir porque afinal, já é de noite?





quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Lara consciente de si mesma

Estávamos de carro e eu estava explicando à ela o porquê de uma bronca:

- Filha, quando eu falar pra esperar, é para esperar, não pode pisar na rua, onde passa carro, sozinha. Só dando a mão entendeu?

- Por que?

- Porque você pode se machucar e aí mamãe ia chorar muito, pois você é o meu tesouro sabe?

- Não sou tesouro mamãe.

- É sim filha, meu tesouro, minha coisa fofa, riqueza que mamãe adora.

- Não sou.

-Tá e você é o quê?

-Eu sou só uma crinança.

Quem sou eu pra discordar né não?

Lara antipática

Flávia estava limpando aqui em casa e deu a hora de ir para a escola. Arrumei a danadinha e quando ela passou pela porta da cozinha a Flávia lhe acenou e se despediu.

Mas Laroca passou e nem tchuns. Pensei que não tivesse visto e logo lhe disse:

- Filha, a Flávia te deu tchau, volta aí pra se despedir dela, quando você voltar ela já vai ter ido embora.

Mas deu-se que naquele dia era dia de malvadezas. Ela já ia porta afora:

- Eu não vou dar tchau pra Flávia não.

Assim, como se pudesse, como se não doesse, como se ontem mesmo ela não tivesse dividido com a Flávia um pedaço do próprio chocolate.

Lara bondosa

Estávamos na padaria. Foi semana passada.

- Mãe quero brigadêru, pufavôzinho...
- Tá filha, mas só um. E só come depois do jantar.

Pensei que ela ia estrilar, dar piti. Afinal, esperar mais de uma hora pra comer um mísero brigadeiro?
Mas não.

Ela aceitou as condições e ainda falou.

- Temos que levar um pra Taiá (apelido do galalau irmão de quase 15 anos).

E assim, levamos um pra Taiá. Ela carregou os dois brigadeiros num saquinho como quem leva diamantes e assim que chegamos em casa ela bateu na porta dele e lhe entregou um doce com um sorriso de orelha a orelha. Lindo.

Só teve uma ressalva: Taiá não sabia do combinado e comeu o dele antes. Ela, claro, veio contar tudinho.

Lara professora

Era só mais uma manhã aqui na sala, quando ela passa cheia de bichos de pelúcia e bonecos. 
-Por que tantos bonecos no chão da sala Laroca?
- É que eu vou fazer a roda.

(Pausa para quem não tem filho)
As crianças na educação infantil começam a aulinha  sentados no chão com a professora. É a "hora da roda", em que eles cantam, contam histórias, e combinam as coisas do dia.

- Ah Lara legal fazer a roda com os bichos né...gostei. E o que tem pra hoje?
- Sei não mãe. Mas quem bagunçar vai perder o direito.